O tempo que passa Lyrics

Há uma imagem de bilhete postal
que me persegue no deambular pela
margem do Sena A chuva de folhas carmim a morrer em
volteios acrobáticos
fustigadas pelo vento frio da soalheira
tarde outonal tenho charme das fotografias à venda nos bouquinistes
e no entanto a sensação de doce melancolia,
o estranho prazer de sentir o vagaroso
passar do tempo
são contaminados por uma alegria do vivido
que nenhuma imagem consegue captar e depois, há o contínuo cruzar das águas do rio
pelos bateaux-mouches pejados de turistas
o clique clique do disparar de dezenas de máquinas fotográficas em simultáneo
o wrooaaaah do tráfico incessante da via Georges Pompidou
o rrooong do arranque dos motores ao sinal verde
o constante piro-nino das sirenas no ar
o raaaaaaah da multidão em compras natalícias
toda a combustão da cidade em movimento
os fumos caleidoscópicosAdolfo Luxúria Canibal com António Rafael - O tempo que passa - http://motolyrics.com/adolfo-luxuria-canibal-com-antonio-rafael/o-tempo-que-passa-lyrics.html
o chiar dos travões
os silvos do caos em ameaça permanente
a garrafa que parte
o vagabundo que dorme
tanta coisa
que o estético bucolismo de postal ilustrado deixa fora de campo Olho uma vez mais a representação da cidade,
as folhas mortas,
e sou interrompido pelo meu filho
que acaba de descobrir mais uma homonímia
'père' de pai e 'pair' de par
agora anda ofuscado com o som das palavras
arranjou mesmo uma razoável colecção de homónimos que guarda feliz na memória
'arête' de espinha e 'arrête' de parar
'pari' de aposta e 'paris' de cidade
'coque' de casco e 'coq' de galo
'marche' de degrau e 'marche' de andar
'voile' de vela e 'voile' de véu confirmo-lhe a descoberta e face ao seu ar de triunfo
não consigo deixar de pensar
como é bom o tempo que passa como é bom o tempo que passa Submitter's comments:  transcrição levada a cabo com a inestimável ajuda do