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Antonio Nóbrega - A Morte Do Touro Mão De Pau lyrics
[aboio]
 Corre a serra joana gomes
 Galope desesperado:
 Um touro se defendendo,
 Homens querendo humilhá-lo,
 Um touro com sua vida,
 Os homens em seus cavalos.
 Cortava o gume das pedras
 Um bramido angustiado,
 Se quebrava nas catingas
 Um galope surdo e pardo
 E os cascos pretos soavam
 Nas pedras de fogo alado,
 Enquanto o clarim da morte,
 Ao vento seco e queimado,
 Na poeira avermelhada
 Envolvia os velhos cardos.
 Rasgavam a serra bruta
 Aboios mal arquejados
 E, nas trilhas já cobertas
 Pelo pó quente e dourado,
 Um gemido de desgraça,
 Um gemido angustiado:
 - "adeus, lagoa dos velhos!
 Adeus, vazante do gado!
 Adeus, serra joana gomes
 E cacimba do salgado!
 O touro só tem a vida:
 Os homens têm seus cavalos"!
 O galopar recrescia:
 Brilhavam ferrões farpados
 E algemas de baraúna
 Para o touro preparados.
 Seu sabino tinha dito:
 - "ele há de vir amarrado"!
 Miguel e antônio rodrigues,
 De guarda-peito e encourados,
 Na frente do grupo vinham,
 Montados em seus cavalos
 De pernas finas, ligeiras,
 Ambos de prata arreados.Antonio Nóbrega - A Morte Do Touro Mão De Pau - http://motolyrics.com/antonio-nobrega/a-morte-do-touro-mao-de-pau-lyrics.html
 E, logo à frente, corria
 O grande touro marcado,
 Manquejando sangue limpo
 Nos caminhos mal rasgados,
 Cortadas as bravas ancas
 Por ferrões ensangüentados.
 A serra se despenhava
 Nas asas de seus penhascos
 E a respiração fogosa
 Dos dois fogosos cavalos
 Já requeimava, de perto,
 As ancas do manco macho
 Quando ele, vendo a desonra,
 Tentando subjugá-lo,
 Mancando da mão preada
 Subiu num rochedo pardo:
 Num grito, todos pararam,
 Pelo horror paralisados,
 Pois sempre, ao rebanho, espanta
 Que um touro do nosso gado
 Às teias da fama-negra
 Prefira o gume do fado.
 E mal seus perseguidores
 Esbarravam seus cavalos,
 Viram o manco selvagem
 Saltar do rochedo pardo:
 -"adeus, lagoa dos velhos!
 Adeus, vazante do gado!
 Adeus, serra joana gomes
 E cacimba do salgado!
 Assim vai-se o touro manco,
 Morto mas não desonrado"!
[aboio]
 Silêncio. a serra calou-se
 No poente ensangüentado.
 Calou-se a voz dos aboios,
 Cessou o troar dos cascos.
 E agora, só, no silêncio
 Deste sertão assombrado,
 O touro sem sua vida,
 Os homens em seus cavalos.









